sexta-feira, 27 de março de 2009

Noção de “justiça” em Platão



Um texto simples _ não tão original_ e que é uma mistura de fontes de estudo, e de "conclusões minhas" (fui eu, na verdade, quem o escreveu.).
Não era mesmo a intenção ser um texto acadêmico, mas somente uma pesquisa, o que me deixa livre pra "juntar/misturar" as informações.










      Noção de “justiça” em Platão

     Resumo: A intenção do presente texto é abordar o conceito de “justiça” em Platão à partir dos diálogos que marcam o Livro I e parte do Livro II d’A República’ e demonstrar como,neste fragmento do texto escolhido, a apreensão da noção de “justiça” deve passar por uma necessária relação com a vida na pólis grega, tendo esta uma ligação estritamente inseparável com a constituição da alma humana. Trata-se de entender a justaposição das coisas na polis a partir da elucidação do modo constitutivo da psiké.



      È sinal de extrema sensibilidade e respeito à tradição, abordar a noção de “justiça” no âmbito da Filosofia,prestando à um de seus maiores teóricos ,lugar na compreensão de um dos conceitos de maior relevância na antiguidade clássica. Após o momento histórico em que a Filosofia debruçou-se sobre questões referentes ao cosmo e à origem das coisas, dos deuses e de todo ser criado, há _ sem dúvida pela influência do momento crítico que o Estado Grego atravessa_ uma reviravolta no modo como o homem grego percebe e concebe o mundo, e isto desemboca numa nova empresa filosófica: a de questionar a relação do homem consigo,com as coisas, com outros homens, e especialmente, com a polis (cidade) grega.
       À partir deste “apocalipse” grego, nasce uma preocupação (antes rejeitada) de questionar o papel da família,da educação, da constituição do indivíduo,e por fim de um ideal de coletividade ;conforme aponta Jean-Pierre Vernant em seu “As origens do Pensamento Grego”. É um momento histórico-filosófico que poderia ser denominado, guardadas as suas devidas proporções de, período antropofilosófico.
      Torna-se imprescindível entender o momento histórico em que o pensamento foi gestado ,à fim de se apreender com maior propriedade a abrangência que alguns de seus principais questionamentos alcançam.
    E é,portanto, nesse contexto que destacamos,dentre alguns outros que poderiam ser citados, a figura de Platão e sua obra clássica, “ A República” . Sendo assim, apontaremos ,em “linhas gerais” alguns pontos importantes do diálogo presente no Livro I a fim de podermos concluir o propósito deste empreendimento : compreender a noção de “justiça” em Platão, e por quais caminhos se faz necessário passar até chegarmos à um entendimento aproximado do mesmo.
     No livro I d ‘A República”,especialmente na figura de seus “personagens” aparecem claramente 3 (três) conceitos básicos de “justiça”. Numa discussão _tradicional “hobbie’ dos gregos_ com Sócrates, o velho Céfalo,seu filho Polemarco e ,o polêmico Trasímaco, reviram-se ante a refutação socrática na tentativa de estabelecer o conceito apropriado de justiça.
       A primeira, apresentada pelo idoso e sábio Céfalo, consiste numa noção concreta de justiça: a justiça consistiria em "dizer a verdade e em restituir aquilo que se tomou de alguém” (331d). Trata-se então de um conceito que espelha não propriamente uma aproximação crítica ao conceito de justiça, não uma sua circunscrição a partir da meditação filosófica em torno daquilo que é justo por natureza, mas a noção de justiça que era própria dos antepassados e da sociedade grega primordial e arquetípica, cuja corrupção não pode deixar de conduzir justamente à meditação filosófica sobre a justiça. Sua noção aquedou-se facilmente diante de uma simples refutação socrática: “seria justo retribuir ao amigo em estado de insanidade, armas que o mesmo dera para que guardasse enquanto ainda estava são do juízo?”. Cumprir a justiça segundo a assertiva de Céfalo , poderia ser danoso à outras pessoas. Nesse primeiro instante da discussão, em que os ânimos ainda não se conflitam, já se percebe o direcionamento que Platão (no uso de seu “personagem” habitual, Sócrates) dará à melhor compreensão do conceito de “justiça” : a que têm o fator externo ao indivíduo,o “outro”.
        A segunda é apresentada por Polemarco, filho de Céfalo, e consiste em defender que a justiça trata de fazer bem aos amigos e mal aos inimigos ­(332d). A aproximação ao conceito de justiça é aqui mais abstrata, abordando-a como uma proporção em que se dá a cada um aquilo que é devido. É o conceito sendo entendido com a “justa retribuição ao que se recebe”: justiça retributiva. Na proposição socrática, Polemarco também é desarmado, pois “homem justo não degrada o homem porque, precisamente, a justiça é uma virtude e o homem justo é um homem virtuoso”. Segundo Sócrates, quem faz o mal ao inimigo acreditando estar aplicando a justiça, está em verdade, tornando-se pior, pois; ser justo, implica em agir com justiça,o quem nem sempre é aplicável ao inimigo como justa retribuição;
         Finalmente, a terceira é apresentada pelo sofista Trasímaco, para quem a justiça não é outra coisa senão a “conveniência do mais forte”. Nesta, a virtude ou excelência (aretê) era adquirida essencialmente através da superação dos limites próprios - neste sentido: através do tornar-se mais forte - em confronto com o outro. Para Trasímaco, o ser "mais forte", ou seja, a marca da excelência ou da virtude heróica, consiste na capacidade para manipular os outros através das palavras e, neste sentido, para fazer passar o seu interesse próprio como o interesse da pólis no seu todo.
        À partir da entrada de Trasímaco na querela, as questões ganham novo contorno. “Os fortes governam os fracos” “(…) …existe uma desigualdade natural : alguns nascem mais fortes (o que implica em governar,que é o mesmo que decidir o que é justo) ,outros nascem para serem governados (cumpridores da justiça : dar ao governador as condições de ter em si mesmo a convergência dos interesses da pólis). Essa é a noção de justiça que ,talvez, tivesse maior aplicabilidade em dias como os nossos,pois o argumento posto não é que tal “delegação” para aplicar a justiça seja algo usurpado,mas antes, direito natural, herança da natureza. Logo, justiça é o que o mais forte (que em Trasímaco também é ,o mais esclarecido, sábio, inteligente…) decide por justo.
         É óbvio que tal compreensão não é justificável,e nem ao menos veraz, pois é notório que ,o modelo de “justiça” entendido em Trasímaco revela fragilidade no que concerne à finalidade de seu “ideal”: quase sempre, na tentativa de aplicar sua noção de “justiça” ,e isso dando ordens aos governados para que tudo convergisse à sua própria intencionalidade ,era possível que à partir de um comando enganoso de sua parte,seus súditos fariam voltar contra ele ,em obediência, seu próprio mal.
        Todo o caminho percorrido por Sócrates no diálogo presente no Livro I d ‘ A República’ ,refutando cada conceito,desde a “justiça” de herança arquetípica de Céfalo; à noção de “justiça retributiva”,de Polemarco; ao entendimento de que a “justiça” seja a “conveniência do mais forte,por natureza,de Trasímaco; desemboca no ideal platônico de _ e esse é o ponto culminante do texto_ justiça como arte política.
       Para tal, ele distingue a política como uma technê, estabelecendo uma analogia entre a política e a medicina. Se a medicina é uma technê, ela o é em função do objeto sobre o qual ela se exerce: a medicina só o é se provocar a saúde, sendo o interesse e a recompensa que o médico retirará do exercício da sua tecnhê algo apenas adjacente a esse mesmo exercício. Assim, tal como o médico é médico em função da saúde que provocou no doente, assim também o chefe político só o é através do efeito que na pólis tem a sua ação, e não através do seu interesse e das compensações que ele retira dessa mesma ação. Neste sentido, segundo Sócrates, a justiça implicaria em uma arte política que consistiria na melhoria do bem de todos e não de alguns.
         Temos então o conceito de justiça apreendido por meio de duas noções : a justiça é uma aretê (virtude), provocando o melhoramento dos homens; e esta virtude está ligada à arte ( tecnhê) política (tecnhê politikê).
         Se a justiça é uma aretê (virtude) ,e com isso inerente ao indivíduo, tem-se então o último momento do diálogo: a justiça pode ser uma ampliação do que já é no indivíduo;ou seja, o que é no indivíduo ,o pode ser na coletividade, na pólis.
       Tendo chegado a conclusão de que a justiça é inerente ao indivíduo, que pode ser desenvolvida como técnica ,visando seu fim na pólis (técnica política), o que se tem agora é a apropriação do entendimento que se possui acerca da constituição da alma humana, a fim de se entender a aplicabilidade que a justiça teria na pólis, assim como o é no indivíduo.
Para isso, propõe-se construir uma pólis de forma a depois compará-la com a estrutura da alma humana, partindo da analogia segundo a qual a alma humana é uma micropolis (pequena cidade) e a pólis um macroanthropos (homem ampliado).
           Platão distingue então três estratos humanos que constituem uma polis .Cada um destes elementos deve ter uma educação própria, de modo a desenvolver uma aretê (virtude) específica, educação essa que se articula com o papel distinto que cada um tem na organização da pólis:
* em primeiro lugar temos os produtores, que providenciam a subsistência da pólis. São eles os agricultores, artesãos, etc. Os produtores têm como virtude própria a temperança (sophrosynê);* sendo que a pólis é uma ordem que ultrapassa pequenas ordens que a incluem, elas precisam, antes de mais, de se defender. Neste sentido, temos os guardiões. E a virtude a ser desenvolvida pelos guardiões é um meio-termo entre a agressividade excessiva e uma excessiva brandura; comparados a um cão, estes desenvolvem a coragem (andreia), através de duas atividades essenciais à sua formação: a agilidade física na ginástica, para evitar demasiada brandura; e a música, de modo a temperar a agressividade.* o último elemento ,os chefes, têm de discernir o que é que cabe a cada um e qual a sua natureza. Um tal elemento deve cultivar uma virtude de natureza sapiencial, uma virtude intelectual ligada à sabedoria ( sophia ) mas de caráter prático, que se exprime na prudência (phronesis). Em que é que estas distinções se relevam no homem? Vejamos então os equivalentes na alma humana:
*correspondendo aos produtores, existe na alma humana um elemento vegetativo e apetitivo.*aos guardiões, corresponde uma alma irascível, um ímpeto anímico, a que os gregos chamaram thýmos.*aos chefes, corresponde a parte intelectiva da alma.

       Em conclusão, temos a identificação tripartida que Platão estabelece através da polis e da alma culminando nas virtudes de cada um:
Produtores _ Alma vegetativa – Temperança (sophrosynê);
Guardiões – Alma irascível – Coragem (andreia);
Chefes – Alma intelectiva – Prudência (phronesis).


       Desse modo, percebemos que, por trás de um “despretensioso” diálogo estava presente umas das maiores contribuições que a Antigüidade Clássica nos legaria : um sistema filosófico em que a noção de “justiça” se afirma em uma estrita ligação com o estabelecimento da cidade (pólis) : pois justiça só pode ser entendida à partir do exercício da virtude (areté,esta inerente a cada indivíduo) ,evocando a idéia de justaposição dos indivíduos que, na utilização de sua técnica (tecnhé) específica ,contribuem para o grande ideal: justiça (dikaiosyne) como composição devidamente estruturada das partes, visando o estabelecimento do bem comum, da pólis. Como o é no indivíduo, que seja na pólis.

Canção d'amores











      A "canção" abaixo é especial pra mim ! Comecei-a em 2005 e terminei ontem à noite, 26/03/2009.
       Há quem pergunte: mas ,pra uma coisa tão simplória como essa , deveria ter demorado tanto tempo? Ao que minha resposta será: sim, e talvez.
      Das diversas que "compus" (geralmente relacionada à estágios de minha vida afetiva), essa é o meu "filho predileto". Ora, mas por que? Por que fala daquilo que foi muito mais que um estágio, antes, uma constante na construção de minha afetividade: se é que a tenho...rsrsrs.
       Vale ressaltar que, quando me refiro à "amor" de forma aparentemente cruel não estou me referindo ao "Amor" que é referência de vida "aqui" e "para além daqui". Não falo do Amor "aghapos". Refiro-me àquilo que se costumou chamar de "amor romântico"...esse mesmo de nossas experiências corriqueiras e cotidianas.
       O período de 2005 e,este de 2009, foram os únicos em que eu poderia me expressar dessa maneira. Bendito seja Deus, que posso me expressar com dor amorosa, e não com dor magoada.
         A referência à "amada" no último verso não está relacionada à ninguém especificamente: até mesmo por que a distãncia entre os dois períodos _o de início e de conclusão da canção_ deram-me a chance de muito sofrer, mas tudo isso por que também deram-me a chance de muito amar. E por isso viver vale a pena... rsrs.
        Simplesmente, é o desejo de todo o que está vivo ,amar, e todo o que ama querer ofertá-lo e ofertar-se como libação derramada aos pés de "uma amada". Bendito seja Deus pelos que a encontram...rsrsrs.

       Nele, que no chão da vida faz brotar amor do caos, e regar sementes de vida e aceitação com lágrimas de aparente rejeição e abandono;

       Theo Fagundes



Canção d'amores

O amor é ferida aberta,
no peito de quem sofre desse mal tão bom;
O amor...

Enfermidade que traz vida
que liberta, mas faz servos
Em seu reino de escravos voluntários;
O amor...

Dor que prosta, que sujeita e acorrenta à seus pés;
Que derruba o mais valente, faz caí-lo descontente,
O amor...

Facho de luz em densas trevas, demônio do meio-dia
Assalto à meia-noite, cruel em seus açoites;
Algoz cruel do inocente, que de um único dano é reincidente: amar...

Mesmo cobrando tão alto preço
não há quem não lhe tenha apreço;
Pois na vida é dádiva e milagre,
que do fim faz recomeço.

E qual homem diante desta morte
não desejou ser esta sua sina e sorte?
Ver sua vida como libação derramada,
em devoção e entrega aos pés de sua amada...

Theo Fagundes

quinta-feira, 26 de março de 2009

O Peregrino do Tempo


Se alguma coisa eu for,creio não pertencer a este tempo:pois tudo em mim é atemporal. Meu agir "diplomático" jamais será entendido por quem procura a falsa "proteção" em suas relações muito "amigáveis"...


Minhas palavras não são para este tempo,pois pesam como martelo e ardem como fogo;não estão à procura de "lugares" que a acomodem,mas de lugares que por elas sejam incomodados. Meu olhar não é desse tempo,pois ele condescende com o pecador e devora os artistas da fé,enquanto os "olhares" de agora são tropeço e julgamento para o pecador,e cúmplices da tirania e despotismo de quem perverte o juízo e retêm o direito do pobre.


Minha mente e meus pensamentos são de outra época,pois todos os dias sofrem as mais terríveis acusações somente por que não abrem mão da liberdade(a verdadeira liberdade,esta em Jesus o Cristo!),tendo consciência de que Nele todas as minhas faculdades foram,são e serão exercitadas com a finalidade de discernir com clareza entre o bem e o mal (e só esta liberdade pode proporcionar isto!) e de gerar uma vida que seja próspera,porém transparente...


Meu coração não é para esta hora,pois não é vendável,não se aliança sob bajulação,não têm ambições megalomaníacas nem nababescas,antes acomoda-se com coisas simples.Sim meu coração não é dessa época por que só deseja coisas simples (II Co 11:3 ) com poder de transformar corações com a Palavra do Reino que virá,e contrariamente,despreza meu coração,as coisas muito complexas,fantasiosas demais,performáticas e cênicas,argumentações que vindicam tanta autoridade espiritual,mas na verdade escondem a fragilidade de sua ausência de princípios e seu verdadeiro propósito”:construir uma torre que alcance o céu e faça seus nomes conhecido” .


Meu coração têm uma sede que não é de água e uma fome que não é de pão;por isso não está bem situado no tempo:precisaria aprender a ter sede de ter e fome de ter mais ainda,mesmo que tudo isso sob o pretexto de “implantar o Reino de Deus”...


Meus sonhos são de outra era,”são sonhos de paz e não de mal”!Não são sonhos construídos de tijolos,vitrais,catedrais de vidro,templos suntuosos.Não!Meus sonhos são de uma “casa espiritual” cujo fundamento é Cristo,e que é constituída de pedras afogueadas,que são os santos lavados no Sangue de Sua maravilhosa Graça:são sonhos de uma grande geração,Santa Geração,a Geração de Yeshüa.Gente comum e simples,mas que carrega a própria shekinah do Deus vivente e leva as Riquezas da Glória de Deus aos pobres de espírito e quebrantados de coração.Geração que não precisa de “recursos” pra fazer a “obra”,por que ela sabe que “...o Seu Divino poder nos deu tudo que diz respeito à vida e à piedade,pelo conhecimento daquele que nos chamou POR SUA GLÓRIA E VIRTUDE”, e assim sendo tudo já foi providenciado:é um Geração de fé,da Fé...


De fato,e tristemente, reconheço não ser deste tempo:talvez não "mereça" compor esta geração.Pois não vou reter e negligenciar a Graça,relegando alguns à condição de irrecuperáveis,sob o pretexto de que “com os tais nem sequer devem comer”!Não vou impedir que a minha boca anuncie os verdadeiros princípios da Fé em Cristo,os quais não fui eu que os inventou,mas antes nasceram na Mente de Deus.


Vou sofrer a solidão de continuar caminhando no único modo de vida que algum dia já me trouxe a satisfação de estar de fato trilhando na Vontade do Pai:o caminho da Graça,da Simplicidade,da Verdade e Fidelidade,da Paz com os que querem paz,e do perdão com aqueles que não querem a Paz,ou que a desejam somente com o custo de minha “sujeição” às suas arbitrariedades..


Sendo assim ,estou sozinho,pois dos amigos que possuo alguns estão mortos e outros ainda nascerão;por que eu tenho por certo que hoje não há quem queira “aliança” com um homem que,ou é prematuro, ou que esqueceu de morrer! Sou de uma Geração que já morreu,e de uma que está nascendo:no meio desta sou um triste,desamparado e solitário estranho!Não como um profeta (isto seria muita pretensão!),mas como um peregrino.Isso mesmo, sou um Peregrino do Tempo.


Theo Fagundes

E vós ,de que espírito sois?



E vós ,de que espírito sois? Lucas 9:31-56

“As minhas palavras são espírito e vida...”
      “Vós não sabeis de que espírito sois...” ,interpelou Jesus aos seus discípulos após mais uma manifestação entusiasmada _e por mais antagônico que possa soar_ e nada parecida com o “espírito” de Deus. Há de se convir que enquanto andou com seus discípulos, o Senhor Jesus testemunhou , não poucas vezes, a expressão desse tipo de espírito no meio deles! Naquele dia de cruzada evangelística em Samaria, ao verem rejeitada a mensagem de Deus revelada em Seu Filho, os discípulos verdadeiramente mostraram sob qual espírito atuavam: precisavam do entendimento de que andar com Jesus, é sorver de um novo espírito,e nele andar.
      O Dicionário Aurélio define dentre muitas outras formas “espírito” como, “...atitude dominante,prevalecente de outrem...”. Ao ler a Escritura percebo, que o “conceito” que Jesus demonstrou não dista muito daquele apresentado pelo Aurélio. Ao dizer que suas palavras são “espírito e vida” ,o Senhor estava quebrando ao meio a falsa compreensão de que “espírito” se reduzia à uma substância etérea,invisível... Nele, espírito é vida, e esta conforme o seu “espírito”,seu modo de pisar este chão de humanos e inumanidades !
A afirmação de Jesus é que ouvir suas palavras redunda em captar seu “espírito” ,e fazer disto um modo de nossa caminhada. Sim,Nele “espírito” quer dizer,modo dominante...atitude prevalecente,uma maneira de caminhar no chão desta vida...conforme Ele andou.
      Ao repreender aos discípulos que queriam por fogo em Samaria ,dizendo “...vós não sabeis de que espírito sois...”,o Sumo Pastor estava mesmo era questionando-os: vocês realmente sabem de que espírito são? Sabem qual deve ser o modus vivendi que deve caracterizar o vosso caminhar? Perceberam o contraste do “espírito” do Evangelho, com o espírito desse mundo?
O mais decepcionante é que,tanto em Seus dias, como nos atuais, o Senhor percebe que ,mesmo quando se fala tanto de vida espiritual, pouco se demonstra entender que,vida espiritual Nele,é andar conforme seu “espírito”,seu modo de tratar as coisas,de sentí-las ,de responder a cada exigência dessa existência: “...pois se alguém afirma estar Nele, deve também andar como Ele andou”.
      O Evangelho tem um espírito ,uma forma de reagir à vida,um modo de manifestar Deus,de tratar com as questões inquietantes de nossa existência aqui...;nossa ambição pois deve ser,ter os olhos do entendimento abertos para perceber qual é mesmo o espírito do Evangelho,e se de fato estamos caminhando conformemente nele.
      Como saber? Nos deparamos dia após dia com circunstâncias que exigem de nós uma resposta que não traia nossa confissão...;e enfim,qual é mesmo a nossa confissão?
Esmagados entre as necessidades materiais desta vida somos seduzidos a abraçar um “evangelho” cujo espírito é de um reino nesta terra: reino de Mamom...
      Inquietados com questões que afligem nossa existência física nesse corpo frágil, somos seduzidos a sustentar a falsa crença de que também não somos frágeis e de que não podemos sofrer naquilo que nos torna comuns e iguais à qualquer um...e nesta hora,o espírito no qual denunciamos andar,é o da soberba de não perceber _e aceitar_ o controle do Soberano neste mundo caído...
      Açoitados pela opressão do megacapitalismo e sua mania de resultado e de estatísticas, sentimo-nos convidados à fazer de nossas comunidades um lugar onde o espírito que governa é o do frenesi pelo crescimento numérico...mas este sem vida de Deus...
E quando ,julgamos que após termos sido magoados temos o direito do isolamento e da alienação do outro,por certo,não é o espírito do Evangelho que é de amor,moderação e de louvor do outro em detrimento de si mesmo,que estamos manifestando; antes,o mesmo “espírito” que faz brotar da carne,da justiça que há na Lei,divisão,disputas,e aprisionamento do outro no cárcere de nosso próprio ser...
      Como saber? Proponho somente as questões poi s,se não soubermos discernir em que lado permeia o modo de viver (espírito) do Evangelho... jamais antes o recebemos,e nem mesmo nele andamos outrora.
      “Minhas palavras são espírito e vida...”,ainda ecoa a afirmativa do Raboni;e quem ouve suas palavras entende que o espírito delas é,caminhar como Ele andou,integralmente...vendo cada uma de nossas motivações discernidas Nele,e respondendo à vida comum simples e livremente como Ele responderia.
De que espírito ,de fato,somos? Quer saber?
      Quem têm ouvidos, _somente_ ouça...pois quem não O ouve,é por que nunca o percebeu,e gastou tempo misturando numa mesma porção,vida no espírito do Evangelho,com mera religião.
Pense nisto!

        Nele,que nos ensinou que o espírito do Seu Evangelho é manifestar Deus,pisando no chão desta vida;


        Theo Fagundes

Trecho de "O Menestrel" de William Shakespeare

A gente aprende...


Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.E você aprende que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança, e começa a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas.

Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança; aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo, e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais, e descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida; aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida, e que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que eles mudam; percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.Começa a aprender que não se deve compará-los com os outros, mas com o melhor que pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.Aprende que não importa onde já chegou, mas onde se está indo, mas se você não sabe para onde está indo qualquer lugar serve.

Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática.Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se; aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou; aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha; aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes... e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando se está com raiva se tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.

Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.

Descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.