segunda-feira, 29 de novembro de 2010


Póstumo (Em 18/11/10, às 05:10 AM)

Vejo-me lançado no chão
Como semente que rebelou-se da algibeira,
Entregue às desventuras do tempo.
Solitário, apego-me ao último pedaço do chão que foi meu piso,
Agora, dos homens sou estrado, e dos vermes, sustento.

Última imagem do que era,
Prima assombrosa visão do que sou;
Antes ,grande terror de minha imaginação,
Que tragava como cigarro minha aurora flamejante;
Oh, Morte ! Caminhamos mais juntos do que antes,
Enquanto lança-me em rosto minha própria peregrinação.

“Remaking” de mim mesmo no além-mundo,
Crítica de uma “trama” em extremo embaralhada.
Longe de mim, questionar o Roteiro emprestado,
Mas a execução foi um grande vexame:
- Coisas mal postas, lugares errados, péssimo cenário,
E como protagonista alguém tão heróico quanto o monstro de Notre-Dame.

Ao menos um detalhe que testemunho é fiel:
- As perspectivas podem ser diferentes,
Mas a imagem permanece igual;
De quem, na vida, deixou-se sozinho jazer na morte
Enquanto o tempo feroz urgia,
Agora, morto, que não careço de companhia,
E nem mesmo distingüo entre noite e dia,
Lamento a saudade de um destino que _quem sabe?_ encontraria outra sorte.

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