Artigo publicado no Jornal BAHIA HOJE, em 11/08/09
A Morte: o inevitável caminho de todos os homens !!. Parafraseando o grande mestre (Sávio Rosa. Phd.): “nascer é uma probabilidade, viver uma incerteza, morrer, no entanto, é fatalmente determinado”. Sendo “a Morte” o grande evento da vida, _pois é a sua coroação_ pensá-la, discutí-la , confrontá-la, e aceitá-la... é tarefa de todo o ser, dito humano, que dignifique a sua existência: sim, pois é o poder criador e significador do humano que o distingue, dentre os demais seres vivos, o colocando na condição singular e única de pensar a “vida e a morte”, da perspectiva que lhe parecer relevante e dotada de significado..
É aceitando esse status singular _o de sermos os únicos aptos a pensar sobre o inevitável destino de todos, o do encontro com a morte_ que proponho, intermitentemente, fazer dessa aptidão natural, uma experiência marcada pela intencionalidade de imprimir novos valores e significações em nossa existência, passando do meramente determinado e fatalístico, para a percepção do poder transformador, de na vida, dar-se o privilégio de pensar na morte, à fim de que o olhar se mude, e a prática seja ,na vida, prazer, aprendizado, sabedoria, afetividades gratuitas...sim, tudo de mais filosófico possível, quando se entende que o “filosofar sobre” é um “pisar o mesmo caminho de todos os dias com outros olhos... um desvelamento do que até outrora fôra natural”.
Utilitarismo? Pragmatismo? Jamais. Antes é descobrir a relevância do filosofar pisando no chão da existência: é aqui que as coisas se verificam, legitimam, ou desvanecem.
Em um viver cotidianamente frenético _ que é o contemporâneo_ todos correm, mesmo que por caminhos desencontrados, em direção ao mesmo ideal: a felicidade. Cegueira... ilusão...; pois ao se olhar um pouco mais atentamente a constatação da realidade é a da fragilidade, efemeridade da vida. Em sua própria constituição, a vida é passageira, é caravana..., é peregrina errante tendo a morte como companheira, e como fado. A famosa ópera “Carmina Burana” expressa intensamente o elemento trágico dessa nossa peregrinação; pois quem não sentiu _ou quem sabe tenha visto_ a veracidade destas estrofes?. Eis: “Oh destino, és como a Lua, mutável, sempre aumentas e diminuis; ah detestável vida ,ora escurece, e ora clareia; por brincadeira mente;miséria, poder, ela os funde como gelo. A sorte na saúde e virtude agora me é contrária; dá e tira mantendo sempre escravizado.Nesta hora sem demora tange a corda vibrante ; porque a sorte abate o forte,chorais todos comigo!”
Morte e vida caminham amigas, e não se dedicar à tarefa de pensar a vida à partir da certeza da morte, é ser condenado à muito mais do que ver a vida passar, mas à “passar junto com a vida”. È garantia de _ se tiver a sorte de envelhecer_ ver sua boca se encher do “provérbio bíblico da sabedoria tardia, o Eclesiastes” : “chegaram os maus dias e não tenho neles contentamento algum”. Já graceja um dito popular americano: “a juventude é desperdiçada no jovem...!” , e essa é a minha preocupação: é com gente que se deixa tolher a fantasticidade de um viver exuberante e cheio de relevância, por estar apegado à questiúnculas , picuinhas mesquinhas, antipatias imotivadas; ou levado por tendências de nossa época, principalmente as de origem midiática. Roubaram-nos o sentido da vida...os valores mais respeitáveis, o gozo da família, a fidelidade na amizade, o valor próprio, o senso de propósito, e uma visão do futuro sem todas aquelas futilidades que sedimentam as ambições de nossa geração. Roubaram-nos a vida quando tiraram de nós a presença e gravidade da morte. Mutilaram-nos _e com nosso próprio consentimento_ quando descaracterizaram o viver diante de nós, arrancando-o seu elemento trágico constitutivo: a reverência diante da vida...e da morte.
Independente de qual seja a crença que predomine (e as crenças têm, cada uma ao seu modo, um horizonte pós-mortis), o que é inadiável é: todos morreremos sim. Se morreremos , então vivamos com urgência; com relevância, alteremos a cadeia de prioridades de nossa existência aqui. Pensemos na vida como quem morre, para que não chegue o dia em que todo o acúmulo de “saber” seja amargo ao paladar de quem ,pra si mesmo, só herdou uma sepultura, e um epitáfio: “...devia ter vivido mais... amado mais...errado mais... ter sido mais feliz”. Se a finalidade da vida é a felicidade, atingi-la sem pensar a morte em seus termos radicais é impossível; (no tocante a mim) a filosofia (e o Evangelho) são os mediadores desse processo, remédio e instrumento na busca da finalidade última da vida. Ser feliz é a busca final, e isso torna o nosso agir no “durante” ,muito, mas muito mesmo, diferente...
É aceitando esse status singular _o de sermos os únicos aptos a pensar sobre o inevitável destino de todos, o do encontro com a morte_ que proponho, intermitentemente, fazer dessa aptidão natural, uma experiência marcada pela intencionalidade de imprimir novos valores e significações em nossa existência, passando do meramente determinado e fatalístico, para a percepção do poder transformador, de na vida, dar-se o privilégio de pensar na morte, à fim de que o olhar se mude, e a prática seja ,na vida, prazer, aprendizado, sabedoria, afetividades gratuitas...sim, tudo de mais filosófico possível, quando se entende que o “filosofar sobre” é um “pisar o mesmo caminho de todos os dias com outros olhos... um desvelamento do que até outrora fôra natural”.
Utilitarismo? Pragmatismo? Jamais. Antes é descobrir a relevância do filosofar pisando no chão da existência: é aqui que as coisas se verificam, legitimam, ou desvanecem.
Em um viver cotidianamente frenético _ que é o contemporâneo_ todos correm, mesmo que por caminhos desencontrados, em direção ao mesmo ideal: a felicidade. Cegueira... ilusão...; pois ao se olhar um pouco mais atentamente a constatação da realidade é a da fragilidade, efemeridade da vida. Em sua própria constituição, a vida é passageira, é caravana..., é peregrina errante tendo a morte como companheira, e como fado. A famosa ópera “Carmina Burana” expressa intensamente o elemento trágico dessa nossa peregrinação; pois quem não sentiu _ou quem sabe tenha visto_ a veracidade destas estrofes?. Eis: “Oh destino, és como a Lua, mutável, sempre aumentas e diminuis; ah detestável vida ,ora escurece, e ora clareia; por brincadeira mente;miséria, poder, ela os funde como gelo. A sorte na saúde e virtude agora me é contrária; dá e tira mantendo sempre escravizado.Nesta hora sem demora tange a corda vibrante ; porque a sorte abate o forte,chorais todos comigo!”
Morte e vida caminham amigas, e não se dedicar à tarefa de pensar a vida à partir da certeza da morte, é ser condenado à muito mais do que ver a vida passar, mas à “passar junto com a vida”. È garantia de _ se tiver a sorte de envelhecer_ ver sua boca se encher do “provérbio bíblico da sabedoria tardia, o Eclesiastes” : “chegaram os maus dias e não tenho neles contentamento algum”. Já graceja um dito popular americano: “a juventude é desperdiçada no jovem...!” , e essa é a minha preocupação: é com gente que se deixa tolher a fantasticidade de um viver exuberante e cheio de relevância, por estar apegado à questiúnculas , picuinhas mesquinhas, antipatias imotivadas; ou levado por tendências de nossa época, principalmente as de origem midiática. Roubaram-nos o sentido da vida...os valores mais respeitáveis, o gozo da família, a fidelidade na amizade, o valor próprio, o senso de propósito, e uma visão do futuro sem todas aquelas futilidades que sedimentam as ambições de nossa geração. Roubaram-nos a vida quando tiraram de nós a presença e gravidade da morte. Mutilaram-nos _e com nosso próprio consentimento_ quando descaracterizaram o viver diante de nós, arrancando-o seu elemento trágico constitutivo: a reverência diante da vida...e da morte.
Independente de qual seja a crença que predomine (e as crenças têm, cada uma ao seu modo, um horizonte pós-mortis), o que é inadiável é: todos morreremos sim. Se morreremos , então vivamos com urgência; com relevância, alteremos a cadeia de prioridades de nossa existência aqui. Pensemos na vida como quem morre, para que não chegue o dia em que todo o acúmulo de “saber” seja amargo ao paladar de quem ,pra si mesmo, só herdou uma sepultura, e um epitáfio: “...devia ter vivido mais... amado mais...errado mais... ter sido mais feliz”. Se a finalidade da vida é a felicidade, atingi-la sem pensar a morte em seus termos radicais é impossível; (no tocante a mim) a filosofia (e o Evangelho) são os mediadores desse processo, remédio e instrumento na busca da finalidade última da vida. Ser feliz é a busca final, e isso torna o nosso agir no “durante” ,muito, mas muito mesmo, diferente...