sábado, 25 de julho de 2009

Perdão de pecados : prerrogativa do Divino e concessão do Divino ao humano.




Tem o homem poder para perdoar pecados? E se tem esse poder,se apóia em quais bases para isso?
Sem dúvida alguma,a questão faz fervilhar muitas outras dúvidas,discussões,querelas; pois é difícil _ quase impossível _ vindicar uma postura sem,radicalmente, se opor à outra. Assumir uma posição,de qualquer lado que seja, no que tange ao poder do homem de perdoar pecados, é acatar um extremo inalienável.
Têm-se duas posturas tradicionais _ e quase milenares_ a respeito do proposto assunto:


Somente Deus pode perdoar pecados, pois em primeira e última instância, é Ele o ofendido imediato de qualquer que seja o pecado cometido.Também,por ser Ele o único que possui o Status adequado para perdoar pecados: a irrepreensibilidade; ou melhor dizendo,Santidade. A Santidade do Divino o coloca em isolada e singular posição de conceder perdão ao intermitente pecador: o homem.


“Em virtude de sua autoridade divina, transmite esse poder aos homens para que o exerçam em Seu nome.” Os que posturam-se nesse pólo da questão,geralmente atribuem aos sacerdotes a extensão desta Divina Delegação: a do perdão de pecados.
É óbvio que esses dois pólos não encerram a questão ,mas,sem dúvida, agregam em torno de si ,a maior quantidade de aderentes.
Partamos agora para uma exposição um pouco mais detalhada destas duas frentes representativas.


1º Perdão como prerrogativa do Divino: só Ele pode...




“Assim como a confissão de pecados deve ser sempre dirigida a Deus, também o perdão também só pode ser obtido Dele, o direito de perdoar o pecado é prerrogativa de Deus, inalienável e intransferível, se Deus é o ofendido, só Ele pode perdoar o ofensor.”Rev . Valdir Facioni (Igreja do Evangelho Quadrangular).






Segundo o Rev. ,sendo Deus o maior ofendido,o perdão só deve ser obtido Dele.
Logo abaixo, um trecho da declaração que o coloca entre aqueles que conferem,somente a Deus,poder para perdoar pecados:




"Há alguns princípios Bíblicos que são básicos que diz respeito a confissão de pecados, o primeiro princípio que a Bíblia afirma a este respeito é que a pessoa a quem a confissão de pecados deve ser feita é a Deus, exclusivamente a Deus. O pecado é sempre falta cometida contra Deus, cuja Santidade é ofendida pela nossa maldade e cuja lei é quebrada pela nossa desobediência.o Salmista confessou: contra Ti, contra Ti somente pequei e fiz aquilo que aos Seus olhos parecia mal. Assim como a confissão de pecados deve ser sempre dirigida a Deus, também o perdão também só pode ser obtido Dele, o direito de perdoar o pecado é prerrogativa de Deus, inalienável e intransferível, se Deus é o ofendido, só Ele pode perdoar o ofensor.
A pergunta feita a Jesus por um dos seus inquiridores, constitui fiel interpretação do ensinamento Bíblico sobre este assunto; Quem pode perdoar pecados senão Deus? O direito de perdoar ou reter pecados, conferidos por Jesus não apenas aos apóstolos, mas a todos os seus discípulos, só pode ser entendido como de caráter declaratório...”




Não se pode deixar de levar em consideração que essa postura apóia-se sobre uma base de reinvindicações morais elevadas;e é isso que a torna forte: entender a possibilidade do perdão de pecados como prerrogativa do Divino,por ser Ele o aferidor da Justa Medida da Santidade. É um argumento de força metafísica, pois a base do argumento é de caráter transcendental: a Santidade de Deus. O problema é que torná-la uma questão imanencial talvez tenha sido um dos motivos dos maiores estragos causados pela chamada “Igreja Cristã”,que a tornou uma questão não moral,mas moralista...mas isso nos levaria a questões,por ora, desnecessárias.
Ninguém há de negar que Deus pode perdoar pecados,e que Seu Perdão é de extrema eficácia,inocentando o pecador de sua responsabilidade inerente no ato pecaminoso,e o lavando da culpa ,que feriria seu interior até arrastá-lo para caminhos mais distantes.Porém ,talvez o outro pólo da questão proposta (o 2º) possua elementos dignos toda a aceitação.










2º O Poder de perdoar delegado à uma Classe Superior.


Entre os de outro posicionamento,encontramos a Igreja Católica no outro pólo da questão.A “Igreja-Mãe” acredita que o cristão tem ,dada pelo próprio Jesus, a delegação de Seu Perdão. Os Apóstolos,e logo depois os sacerdotes, receberam Dele a autoridade para não só para perdoar pecados,como também retê-los.
Abaixo, um fragmento de uma declaração católica:


“Jesus Cristo é o que se ofereceu em sacrifício por nossos pecados; não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo (1Jo 2,2). Jesus Cristo deu aos Apóstolos e a seus sucessores o poder de perdoar os pecados pelo Batismo e a Confissão.
Existe o perdão pelos pecados?
Sim, existe o perdão dos pecados porque Jesus Cristo deu aos Apóstolos o poder de perdoá-los para reconciliar ao homem com Deus e com os irmãos.
Quais foram as palavras do Senhor ao conceder aos Apóstolos a potestade de perdoar os pecados?
As palavras de Cristo ao conceder aos Apóstolos a potestade de perdoar os pecados foram: "Recebam o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; mas a quem não perdoardes não serão perdoados"
Como os Apóstolos cumpriram o encargo de perdoar em virtude de sua autoridade divina, transmite esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome. os pecados?
Os Apóstolos cumpriram o encargo de perdoar os pecados dando o sacramento do Batismo ao não cristãos e o sacramento da Penitência aos fiéis que pecam depois do Batismo”




“Disse-lhes Jesus de novo [aos discípulos]: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu vos envio. Dizendo isto, soprou sobre eles, e disse: Aquele aos quais perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; aqueles aos quais não perdoardes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20.22-23).
O texto citado acima é o maior abrigo dos que acreditam ter a Igreja recebido poder para perdoar pecados.Veja bem,não é qualquer homem, é a Igreja, mais especificamente em sua maior representatividade: na pessoa do medianeiro de Deus na Terra,o sacerdote. É muito conhecido o costume cristão–católico de confessar seus pecados aos sacerdotes e deles receberem a devida penitência (uma espécie de sacrifício pela culpa...) e o perdão dos pecados.Ele o sacerdote_ como representante de Deus na Terra,e apropriando-se do que diz a Escritura em Jo 20:22-23, literalmente,perdoa pecados (ou os retém) e libera o pecador para uma nova vida.
Isso nos faz pensar se essa postura está mesmo totalmente in-adequada. Certo que,fazer repousar sobre um homem a delegação do Divino,numa ação estritamente divina,seria arrogância e falsa pretensão;mas talvez exista uma instância em que o perdão de pecados seja posse da Igreja Cristã,e isto visando um fim projetado na Mente Divina.Vejamos o que diz o renomado apologista cristão Norman Geisler,quem sabe,propondo uma 3ª via,um ponto de convergência entre as duas posturas tradicionais.Cito:
“Essa passagem dá suporte à posição católica de que os seus sacerdotes têm poder de perdoar pecados? PROBLEMA: Os católicos romanos declaram que Jesus deu aos seus discípulos o poder de perdoar pecados, e que esse poder passou para os sacerdotes católicos através dos séculos. Esse texto dá suporte a tal posição? SOLUÇÃO: Jesus de fato deu aos seus discípulos o poder para perdoar pecados, e esse poder ainda permanece até hoje. Entretanto, ele não é exclusivo dos sacerdotes católicos. Todo crente em Jesus possui o mesmo poder com base em sua confiança na obra completa realizada por Cristo. Observe o contexto da passagem”.
“Primeiro, muitos vêem isso como uma extensão do poder prometido em Mateus 18.18 de ligar e desligar com as “chaves do reino dos céus”(Mt 16.19). Esse poder é dado a todos os apóstolos, e não somente a Pedro. À medida que a missão da Igreja se estende “até a consumação do século” (Mt 28.20), Cristo está “presente” para perdoar pecados com todos aqueles que pregarem o Evangelho, em qualquer tempo ou lugar. Além disso, é nesse versículo que está a passagem paralela de João a respeito da grande comissão. Jesus a introduz com as palavras: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21). Mas não são apenas os clérigos (oficiais da igreja) que são comissionados a servir a Cristo; cada crente chamado para ser uma testemunha (cf. Mt 28.18-20; 2 Co 4.1ss)(...) ....todos os crentes, portanto, têm esse mesmo poder de PRONUNCIAR O PERDÃO DE PECADOS [o realce é nosso}, como testemunhas das boas novas de Cristo por todo o mundo. Nesse versículo não há absolutamente nenhuma menção de que esse poder fosse ficar residente em apenas um grupo sacerdotal ou num determinado grupo de clérigos.


O modo como o Dr.Norman Geisler põe a questão nos faz pensar que exite sim, uma instância em que o homem tem poder para perdoar pecados: no cumprimento do chamado que de uma vez por todas foi outorgado à Igreja;a de Sacerdócio Real. Todo que é nascido de novo debaixo dessa Graça _ a do perdão dos pecados mediante o sacrifício vicário do Filho de Deus,Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquizedeque _ tem Dele,a Comissão de perdoar pecados,de maneira anunciadora.
São homens comuns que, agora na condição de sacerdotes do Reino _chamado esse que é de todo cristão_ fazem ecoar o Kerigma ( proclamação, do grego.) da Graça Maravilhosa de Deus o Pai,que por meio de Seu Filho nos perdoou os pecados e nos fez herdeiros de boas novas: novidades de remissão dos pecados, e de redenção em Seu Nome Glorioso.
Dessa maneira,respondendo a questão do início do texto ( “Tem o homem,poder para perdoar pecados...?”) a minha resposta tenta equilibrar os dois pólos principais da questão,e respondo com o título que dei ao mesmo: prerrogativa do Divino e concessão do Divino ao humano.Originalmente só Ele pode,mas nos fez uma concessão em sua Grande Comissão.
E no interesse de fechar esse texto buscando uma breve precisão do que foi abordado _ e defendido_ ,convido mais uma vez o Dr.Norman Geisler, para encerrar o início dessa discussão:
“Os comentaristas discordam se esta comissão se aplica somente aos discípulos ou a outros, também. Jesus confere-lhes o poder de perdoar ou de reter os pecados. Em virtude da sua íntima comunhão com Cristo, eles têm autoridade de agir em Seu nome; tornaram-se veículo do perdão divino e agentes ou da remissão, ou da retenção, do pecado. Este poder que lhes foi outorgado consiste em proclamar, com autoridade, o perdão mediante a morte vicária de Cristo. A autoridade de Cristo lhes é concedida pelo Espírito que mora neles. Esta autoridade não se limita aos ministros consagrados da Igreja mas abrange toda a Igreja, que deriva sua autoridade do Espírito que vive nela e dos ensinos do Cabeça da Igreja”.








Abaixo,algumas referências bíblicas:




Mt 6:14-15
Mt 9:5-6
Mt 18:21
Mt 18:35
Mc 11:26
Mc 5:21
Jo 20:23
II Co 2:7
II Co 2:10
II Co 13:2
Tg 5:14,15,16,19 e 20.




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2 comentários:

  1. Não deixe de expor a palavra dessa forma, pois, vc é muito específico no que escreve, e isso é bom.

    Parabéns pelo blog, estou seguindo com satisfação.

    PAZ!!!

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  2. REALMENTE SEU BLOG É UMA BENÇÃO!
    E É SEMPRE UMA HONRA VISITÁ-LO... ESTOU O SEGUINDO... GOSTARIA QUE TAMBÉM SEGUISSE O MEU BLOG PARA PARTILHAMOS DA PALAVRA... FICA NA PAZ!!!

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