domingo, 19 de abril de 2009

A esperança que sou para outros: uma meditação para fora de mim...‏









Hebreus 13:1-3






1 PERMANEÇA o amor fraternal.
2 Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.
3 Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo.




Romanos 15:7 = Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus.




Romanos 12: 21 = Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.








Quebrando a seqüência que havia proposto para a ordem de postagens do blog, gostaria de falar sobre mais uma outra _e súbita, dessa vez_ meditação de meu coração. Mais uma sobre "esperança"...! Dessa vez, porém, uma reflexão sobre a esperança que represento para outros. Sim, sou esperança para outros... você também é esperança para muita gente...
Estava andando pela Av. Princesa Isabel, ontem à noite, por volta das 20:15 hs (bermuda, tênis, Mp4 no ouvido...bem à vontade), quando , de repente, olhei para o lado...e enfim... não vi nada que não seja visto todos os dias e em outros muitos lugares: uma mulher, dormindo em uma posição abandonada, bem ali na calçada. Provavelmente estava bêbada _ou drogada_ o que me fez pensar em como ela estaria desprevenida ,quando o frio que já tem nos visitado nesse início de outono, a encontrasse.
Sei...! 3ª feira, 14 de abril, 20:15 hs, gente bonita passando pra todo lado, namorados de mãos dadas, gente bebendo... um cenário tipicamente óbvio para essa noite, e nesse lugar. O que tem de mais nisto? Ora, talvez , pra você, nada...! Pra mim, também não: até naquele instante...
Quero referir-me somente ao impacto que trouxe sobre mim... e só. As razões podem ser muitas, desde a culpa enrustida, ou uma sensibilidade exacerbada...; mas e daí ? O modo como se entenda não vai me tirar o que importa, realmente, na vida: o significado. Significa...; significou-me muito.
Ver a miséria daquela mulher foi um "convite" triste e terno me chamando "pra fora"...
Ensimesmado como sou, cheio de processos aceleradíssimos de pensamento (e ,em sua maioria, voltados para as minhas dores e queixas...!!), me vi quieto, ali, com aquela imagem gravada em minha memória. Continuei andando, e a imagem foi comigo....
E pensei... e entristeci-me... e pensei novamente... me alegrei... um misto de emoções.
Um turbilhão de experiências particulares me habitaram de uma só vez... misturadas ao conflito com esse “mundo de fora”, e que, _meu Deus!!_ me toquei de que ainda existe. Somos nós humanos que criamos nossos próprios mundos, o alimentamos com projetos, nutrimos sentimentos valorosos por situações que _depois percebemos_ não deveriam receber tamanho empenho; amamos o mundo que criamos em nossa “fábrica de ilusões”, como que amando ao próprio filho.
“Nos perderemos entre monstros de nossa própria criação...serão noites inteiras, talvez, com medo da escuridão”. Não precisa nem dizer, pois dito está: não suportamos “manter” o mundo que criamos... precisamos de Realidade, de vida real _com todos os elementos trágicos que a compõem_; de amor real, amizades reais, decisões reais, dores reais: só assim teremos a esperança de um mundo cujo chão seja firme, o caminhar focado, e sobre a nossa cabeça esteja a maior das realidades... a do Governo do Amor.
A experiência “simples e comum” daquela noite me despertou para duas lições simples e próprias:




* Existe vida fora de mim: pra além de meus egoísmos inflamados; honras maculadas, dores irreais (e reais também!)...existe vida de verdade “lá fora”, pra somente nesse “sair de mim”, eu me torne homem, humano, gente...de verdade: e a verdade não teme ser...só é.




* Há esperança para qualquer pessoa (homem e mulher) , desde que alguém se disponha a ser esperança para ela. De uma perspectiva cristã, temos em Jesus o Filho de Deus, a maior representatividade desse conceito: Nele, Deus, feito carne e dor comuns, temos a esperança de redenção, e após termos conhecido, não há nada mais que não possa ser inflamado pela esperança de podemos “ir mais longe”, sermos melhores... com vidas melhores.


Isso tudo, por que Deus um dia , olhou-nos “abandonados nas calçadas miseráveis de nossa soberba e arrogância”, e nos tocou o ombro com esperança, e disse: “Ei, rapaz (moça) , ainda tem jeito... não precisa ser o fim”.


Essa é a marca que me impressiona: assim também, a história de muitos (já decretadas à falências emocionais ,de propósitos, e de significados) que já esperavam a morte chegar, viram a vida abrir-se diante de si; ... um futuro se mostrando possível.


Tudo isso ,somente por causa de um toque: toque de esperança...de não desistência...de fé... de amor que sempre tudo crê...
Muitos já me foram motivos de esperança... gente comum que me despertou “para crer contra a esperança” , e me levantar contra os muitos “nãos” da vida...! Sei também, que muitos entenderam seu valor e suas possibilidades de serem gente de propósito, por terem recebido de mim esperança. Fui e sou esperança pra muitos. Me refiro somente, ao simples fato de, pisando nesse chão, o quanto precisamos acreditar, e sermos acreditados; transpondo limites impensáveis...! Pode acreditar: isso tem o poder de “mudar o mundo”.




Se tenho alguma “glória” na vida (e me glorio Nele) é esta: nunca ter desistido de ninguém. Nem do amigo... e nem mesmo daquele que se faz meu adversário e de outros.




Quero ser esperança para aquele que já decretaram sus sentença e seu fim...




Quero ser esperança para o desesperançado... para o que não acredita na vida,mas que ainda pode ser feliz...




Quero ser esperança para quem acredita que não pode ser amado (a) , e que ninguém mais achará que ele (a) “vale a pena”...




Quero ser esperança...e só. Pois , não é questão de altruísmo, ou de falsa piedade. É questão de amor. Amor ao humano (logo semelhante à mim), amor ao desafio de abraçar o in-abraçável (como Jesus fez muitas vezes)... esperança para aqueles cujas palavras nem tem mais crédito, mas que ainda são carregados de um desejo de Verdade.




Quero ser esperança, por que penso que, dessa maneira não haveria assistencialimo , beneficência,etc... (pura conceitualidade) ; mas somente comunhão no “pisar desse chão” que a todos nós, um dia, castiga. É preciso acreditarmos uns nos outros...






Nele, que acolheu-nos uns aos outros em amor, e disse que assim fizéssemos...








Theo Fagundes

2 comentários:

  1. Você falando de que precisamos de um mundo real e de pisar em um chão real, me fez lembrar de um trecho duma peça que vi (só um trecho mesmo).Um personagem se queixava com o outro, ao que esse outro se virou para o um, olhou-o no fundo dos ohos, e disse: " o chão do mundo é de areia movediça".
    Ás vezes penso em sair para o mundo também, mas o medo de afundar fala mais alto...aí só sujo um pouquinho o pé e volto pra casa.

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  2. Grande Luan, aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh!!!! rsrs
    Eis aí a contradição de nossa percepção: o chão de areia movediça é exatamente o desse mundo que construímos todos os dias. Fabricamos expectativas, sentimentos, "esperanças", e até que tudo parece-nos real. Mas aí, o chão começa a mover-se sob os nossos pés...
    Luan (Lu, para os amiguinhos...rs), existe um Desmundo desse mundo, existe um avesso que é a verdade, e um chão firme debaixo da ilusão...
    Se isso fosse um mito, eu pediria para a divindade tirarmo-nos esse "toque e habilidades criadores da fábula da realidade" que possuímos, e desse-nos um espelho: no avesso de nós mesmos, provavelmente veríamos quem somos.
    Lembra do Chesterton? Parafraseando-o: "... a realidade que criamos e que parece tão firme, consistente e verificável, é a pior das fábulas, pois mente, pra depois acreditar na própria mentira. É provável que as fábulas (aquelas do imaginário popular), aquelas mesmas que são relegadas à ilusão...sejam as maiores comunicadoras de verdade. O mundo das fábulas só é 'irreal' quanto a sua aparência, mas quanto ao seu significado , é a própria residência da verdade".

    Bjão...

    Matheus Patrick.

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